terça-feira, 18 de setembro de 2012

Good Ol' Jimi



Decorria o ano de 1968 e Jimi Hendrix actuava com a sua banda na Winterland, uma conhecida sala de espectáculos na Califórnia. Jimi dirigiu-se ao público e apresentou a música que se seguia, Manic Depression, como uma história que falava acerca da frustração de um gato, que sente uma anormal atração sexual por música e que desejava poder fazer amor com a música em vez de o fazer com a mesma velha mulher com que lidava todos os dias.

Este trecho, estando longe de ser musicalmente a sua melhor criação, é uma exposição perfeita do vínculo de Jimi com a arte musical. Tinha com a música uma relação crua e instintiva que dificilmente encontra paralelo senão numa experiência sexual. A frustração do gato é a descrição do que faltou na vida de Jimi, que morreu rodeado de todos os prazeres e graças a esses prazeres, mas que nunca fundiu a satisfação carnal do orgasmo com a elevação espiritual que experimentava enquanto manejava a sua mítica Fender Stratocaster. Talvez por isso as queimasse durante os espetáculos; a frustração da luxúria musical combinada com irresponsáveis doses de LSD teria de resultar em demonstrações épicas de piromania.

Jimi morreu há precisamente 42 anos, com a demasiado tenra idade de 27. Tinha tanto carisma que qualquer imagem sua é ainda hoje um símbolo da aura livre, psicadélica, excessiva e alienada que reinava no espírito do Rock dos anos 60. Não inventou o Rock n’ Roll, mas há neste género um antes e um depois das suas criações. Nenhum artista, em nenhuma das sete artes, conseguiu, com uma carreira tão curta, deixar um legado tão extenso e duradouro como o do estilo inconfundivelmente distorcido, visceral e espontâneo dos solos de Jimi Hendrix.

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