Isaltino Morais: Presidente pela primeira vez em Oeiras em 1985. Em 2005, é
arguido em processos de corrupção passiva, fraude fiscal, branqueamento de
capitais e abuso de poder. O PSD, por isso mesmo, não o apoia na sua
candidatura para a autarquia. Ainda assim, alcança a eleição, enquanto
independente, com 34% dos votos, sob a égide de campanha "Isaltino -
Oeiras Mais à Frente". Em Agosto de 2009 é condenado a sete anos de
prisão, perda de mandato e uma indeminização de cerca de meio milhão de euros.
Consegue, através de recursos ao Ministério Público, suspender a pena antes das
autárquicas, de 11 de Outubro, podendo assim voltar a candidatar-se: é eleito
com, desta vez, 41,52% dos votos.
Fátima Felgueiras: Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, vê-se em 2003
acusada de corrupção, sendo emitida uma ordem de prisão preventiva em seu nome.
Deserta para o Rio de Janeiro por ter dupla nacionalidade brasileira. Em Setembro de 2005 regressa a Portugal. É tão
rapidamente detida quanto libertada, esperando por julgamento em liberdade.
Candidata-se às autárquicas de Outubro do mesmo ano como independente: é
eleita.
Valentim Loureiro: Eleito para a Câmara de Gondomar pela primeira vez em 1993.
Re-eleito em 1997 e 2001. Em 2005, o PSD retira o seu apoio partidário devido ao
escândalo "Apito Dourado", cujo processo judicial lhe dedicou quatro
anos de pena suspensa em 2008. Candidata-se, porém, nas autárquicas de 2005
como independente: é eleito.
Exemplos de escolhas eleitorais por completo
incompreensíveis e que só podem ser motivo de preocupação, para não estar a
perder tempo em estilizar insultos. Numa altura em que foi recentemente publicada
uma sondagem da Universidade Católica, que demonstra que 87% dos portugueses estão desiludidos com a democracia, e que não é para menos, convém não
esquecer que somos nós que elegemos os políticos que tanto gostamos de
insultar. A desresponsabilização do eleitorado num regime democrático é meio
caminho andado para o sistema estar condenado. Se os governantes têm de assumir
responsabilidades perante os governados que os destacam para essas funções,
ressalta a gravidade da importância dessas escolhas, que emergem como corolário
e são sintomáticas do nosso grau de ética e cultura. Nomear políticos que são reconhecidamente
corruptos faz de nós mais conscienciosos cúmplices que eventuais vítimas e é indesculpavelmente
anti-democrático. Só restam duas possíveis explicações: profunda ignorância e/ou conivência, desde que os nossos interesses estejam a ser atendidos, sem querer saber a por que meios e com que consequências.
As autárquicas vão ser daqui a sensivelmente um ano e era de
muito bom tom que não estivessem novamente envoltas neste ensandecimento nada distante.
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