Pedro Passos Coelho perdeu o país no dia de 7 de Setembro de
2012. É um facto tão drástico quanto indesmentível. A descida da TSU foi uma
ideia peregrina do executivo que o transformou em eremita. Apenas dias vindouros
revelarão se Passos foi lúcido ao arrepio da sua solidão, pouco provável, ou
surdo perante os brados alarmantes de todos os quadrantes políticos. Não
obstante, é por de mais notório que a medida foi assíncrona ante a realidade do
país e todas as capas dos matutinos de hoje demonstram porquê.
Foi o início de uma espiral que ainda terá de conhecer,
inevitavelmente, o seu fim. Ao longo de uma semana, Paulo Portas sobrepôs a
liderança do CDS ao de ministro da coligação, que aparenta ser agora um termo
demasiado conjuntivo face à enferme relação dos dois partidos que formam
maioria. Sabia-se que o governo era curto. Era já visível que se encontra altamente desgastado. Resta saber como irá
trabalhar após esta adenda eminentemente disfuncional e separatista.
António José Seguro, enquanto proclama pela enésima vez que
o PS, acima de tudo, se compromete com uma oposição responsável, sempre se
esqueceu de o fazer. Na sua recente declaração de cinco minutos à comunicação
social, aventa que uma das propostas que irá apresentar será a criação de um
imposto extraordinário sobre as PPP. Além de que as renegociações das PPP são,
nunca é de mais relembrar, uma obrigatoriedade do ruinoso legado socrático,
estas já estavam a ser encetadas e com resultados agora conhecidos:Renegociações das PPP poupa mil milhões de euros.
Mas já não foi mau, após um ano a tornear a sua acção política em chavões como “estimular
a economia” e “criação de postos de trabalhos”, que são mais descrições do que
as medidas ideais, até hoje por desvendar e subsequentemente apresentar, teriam como impacto no dantesco
estado da insolvente economia portuguesa, que estaria em bancarrota e incapaz
de suportar os seus encargos sem os empréstimos da troika, e menos medidas em
si. Hoje, sai no Público uma entrevista ao líder do maior partido da oposição,
da maior pertinência, dado que surge na senda da maior manifestação popular
desde o 25 de Abril, embora, para infortúnio de todos nós, de diminuta
utilidade pelo vazio que veicula. Que ninguém se engane: todo o seu trabalho de
oposição consistiu em esperar por este momento de clivagem social e crescente deslegitimação
política do governo e rezar para que os portugueses tenham memória ainda mais
curta que aquilo que sempre demonstraram. É essa a sua responsabilidade. Não
com Portugal, mas para com o partido.
Nunca contentes com os problemas que enfrentamos, soma-se
agora, assim, aquele que parece ser o principiar de uma aguda crise política,
cujo desfecho depende directamente da sobriedade e seriedade de políticos pouco
confiáveis. O Orçamento de Estado para 2013 vai ser crucial. O que vale é que temos sempre a música da Fanny para nos distrair.
Um último aviso ao Gaspar: a despesa!
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