segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Manifesto Anti-Peixoto


Devo alertar os leitores que o título (que se refere ao José Luís, escritor, e não ao César, jogador do Gil Vicente) é de uma individualização deturpadora e ofensiva. Aquilo contra o qual eu me manifesto nesta crónica não é o singular e insignificante ser José Luís Peixoto (JLP), cuja existência isolada seria incomodativa, mas nunca perturbadora ao ponto de merecer denominar esta crónica. Acontece que JLP é o símbolo da nouvelle vague de escritores nacionais que têm como denominadores comuns a falta de talento, o pretensiosismo e um número de vendas desproporcional à qualidade das suas obras. Justin Bieber, no mundo da música, sofre do mesmo preconceito. Ele está longe de ser o pior artista musical do século XXI. Teve, no entanto, o azar de se tornar a imagem mais emblemática dentro de todos os artistas sem talento que se tornam um sucesso, algo para o qual a sua inqualificavelmente irritante figura ajudou substancialmente. JLP é o Justin Bieber da literatura nacional, pela semelhança na desproporcionalidade entre o seu talento e a sua fama. Não é o pior escritor: Valter Hugo Mãe (parece que agora já se pode escrever com maiúsculas), por exemplo, faz JLP parecer o Faulkner. Mas admito que, por implicação pessoal, JLP tornou-se na figura máxima dessa vaga de artistas sem arte.

Devo registar também a minha experiência não muito vasta com suas produções. Li uma obra sua, intitulada Hoje Não, que mantenho orgulhosamente num lugar proeminente de uma estante de livros, para me lembrar que, faça o que eu fizer com a minha vida, só atinjo o fundo da inutilidade quando a minha cabeça produzir alguma coisa daquele calibre. Li também alguns textos avulsos, de qualidade semelhante. Poderão os seus fãs dizer que é pouco, que é preciso aprender a gostar, como de vegetais, música clássica ou cerveja. Acontece que, em qualquer actividade que envolva talento, há dois tipos de praticantes que são imediatamente reconhecíveis por quem aprecia essa actividade: os que têm muito talento e os que não têm jeito nenhum. JLP enquadra-se neste último padrão.

No entanto, a sua falta de aptidão literária nunca seria merecedora de tão agressiva postura da minha parte. A qualidade artística do mundo moderno é escassa e, se alguma coisa me chocasse, seria sempre que algum artista tivesse verdadeiro talento e não a sua inexistência. O André Mota já aqui havia discorrido acerca desta moderna problemática entre a qualidade e o lucro. E, como ele sagazmente observou, essa dicotomia só surgiu pela crescente demanda de produtos artísticos sem qualidade, o que levou á deturpação de todo o conceito artístico. Como José Rodrigues dos Santos verbalizou: “Literatura é o que as pessoas leem”. Ele conseguiu definir a sua própria mediocridade melhor do que qualquer outro.

O meu problema é que a ausência de talento é nos dias de hoje compensada com um arrepiante pedantismo. Sempre houve artistas com a mania que eram bons; alguns eram-no, outros não. Actualmente, não parecem surgir os que realmente são; proliferam, ainda assim, os que têm a mania. A culpa dessa arrogância injustificada não é, como é óbvio, exclusivamente de JLP. A maior parte da mesma é, isso sim, dos seus leitores. Se poemas como este fossem descartados como filosofia poética de fachada, vazia, inócua e redundante, José Luís Peixoto deixava-se destas vidas. Sendo idolatrado por a escrever, naturalmente que se cria na sua mente uma ilusão de dom literário que manifestamente não tem.

Principalmente na área da música, espalhou-se um contra-movimento que consiste em queixas sucessivas de que se queria ter vivido décadas antes, para poder conviver de perto com a boa música. Ainda que entenda esta visão e partilhe com ela alguma da fantasia, vivemos numa era em que temos acesso a toda a produção artística da história da humanidade, à distância de segundos, que podemos contemplar, admirar e sorver todas as vezes que quisermos. E, neste cenário de universalização da toda a arte, quando temos todos os livros dos melhores autores mundiais da história da literatura à nossa disposição, as pessoas esgotam José Luís Peixoto. E agora optei por voltar a utilizar os seus três nomes, para ilustrar melhor este cenário: de todos os livros da história, as pessoas não lêem Shakespeare, Mark Twain, Dostoiévski, James Joyce, Oscar Wilde, porra, nem sequer o Eça. As pessoas esgotam José Luís Peixoto.

Isto é, porventura, pessimismo da minha parte. Os seus leitores são, para todos os efeitos, leitores, espécie de uma crescente raridade. O que é chocante em JLP é a unanimidade da sua qualidade: já venceu o prémio José Saramago quando este ainda fazia parte do júri (uma tremenda desilusão pessoal) e está traduzido em mais de uma dezena de línguas. Custa-me crer que gente que já conviveu com a melhor literatura consiga reconhecer um pingo de qualidade nas suas ocas palavras. Talvez seja essa a origem da minha implicância para com JLP: a sua escrita deve ter um efeito encantador qualquer ao qual eu pareço ser imune.

Termino com a já referida ressalva de que JLP não é o pior escritor nacional. É mau, muito mau, mas não o pior. É, no entanto, o ponto máximo de um processo de desalfabetização muito assustador e cujas consequências se verificarão muito para além do mundo puramente cultural ou intelectual.

E, para que não vos falte nada, deixo-vos com a messiânica, concreta e perspicaz solução apresentada por José Luís Peixoto para resolver a crise:

14 comentários:

  1. Respostas
    1. O LOL deste anónimo refere-se à tatuagem.

      A obra o JLP pode ser uma merda, mas a tatuagem é mesmo porreira, e até seja a razão do seu sucesso junto ao público feminino, porque ele afinal, não vende só os livros que escreve, vende também o seu corpo.

      Vai tentar fazer o mesmo, Diogo!!!

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  2. Vai tentar terminar o teu curso e depois fala de incompetência, se faz favor.

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    1. Vai escrever um bestseller, Diogo, porque um curso já terminaste, e incompetência é um factor importantíssimo para o sucesso.

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  3. Quanto é que te pagou o JLP por esta crónica?

    Só li um livro de poemas do JLP, que encontrei, por acaso, no escritório do teu pai, e não tencionava ler outro livro dele, mas depois deste teu artigo pseudo-destructivo, fiquei em pulgas por conhecer a sua obra.

    Quanto ao valter hugo mãe continuo a escrever o nome dele com letras minúsculas até que ele mereça as maiúsculas.

    Agora vou ver o vídeo...

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    1. Pensei que era o António José Seguro a falar.
      Ambos sem o dom da palavra.

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  4. já li Shakespeare, Mark Twain, Dostoiévski, James Joyce, Oscar Wilde, até o Eça!, José Luís Peixoto e valter hugo mãe. continuam todos infinitamente melhores (escritores) que tu. e não te preocupes, não o culpas do sucesso da mediocridade dele, da mesma forma que ninguém te culpa da tua imunidade ao "efeito encantador".
    que te valha a auto-estima que pelos vistos a mania vende como dizes tu, o sábio.

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    1. O Diogo não é (escritor). E pelo menos tem coragem de fazer críticas dando a cara. E é uma cara bem mais gira que a do Zé Luís Peixoto.

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    2. Cleopatra, o Diogo AINDA não é escritor!!!

      E tem uma cara MUITÍSSIMO MAIS GIRA do que todos os Zés de Portugal.

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    1. nnnmmmmnhjhjfhguhrzzrhjddfffgrdrdrdrddrdrddddddddassddfdfhhhhhhhhgggfgfrrdsdgvxygnmlöüpoihgjhgtthgjfhjsghrgfhrfbjjhggjhregttufjkhghjjkjighjtizdzatghrzuhtithuahduethirzheitgurhhuguiwtgruguhkefmlkrfjkkjhfighsgjkhgjhjggkfjutiigjijknfvbfhghuerhguutzgughughtughthuehiejuthgzthgtuhguirhgujrhghbrhvpopiiijknibnjbghb6ghghjhghgjshgnjffsdhngjhfjghjghdkjghdjghjhgtjghjghjghjghjhgjkdhjshjghjghfjghjdghjfghfvnziuiruhuz54tztruhjghuihihwiuthughruhuuhtrueuhtruhgrtuheutruruhuieuhguhgu

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  6. Ui, grande clube de fãs.

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  7. o que ainda não percebi é a mania que a cagonas atesoadas pelo Sarapintas sexy boy tem de lhe lamber os tomates a cada blog que manifesta o desagrado pela literatura merdosa que essa cristina caras lindas de ar gótico publica....

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